Doenças Sexualmente Transmissíveis: sintomas, doenças mais comuns e tratamentos

26 de Mar de 2024
doenças sexualmente transmissíveis: sintomas e tratamentos

O QUE SÃO?
As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) são infeções por bactérias, vírus, fungos ou parasitas, que são transmitidos através de relações sexuais com um parceiro infetado.
Todas as DST são adquiridas por contacto sexual, seja ele vaginal, anal ou oral. Porém, algumas também podem ser transmitidas por contacto com fluidos corporais como sangue (ou materiais contaminados com sangue) ou de mãe para filho durante a gravidez, o parto ou amamentação.
É importante a prevenção, o diagnóstico e o tratamento precoce das DST. Isto porque estas doenças podem ter implicações graves na saúde e qualidade de vida a longo prazo, uma vez que aumentam o risco de cancro, infertilidade, cirrose, aborto e parto prematuro. Em alguns casos estas doenças podem ser fatais.

TRATAMENTO
O tratamento das infeções sexualmente transmissíveis depende da infeção em causa. O objetivo pode ser a cura total ou o controlo, de forma a impedir o seu agravamento e consequências mais nefastas (como o VIH - Vírus da Imunodeficiência Humana ou o HPV - Vírus do Papiloma Humano).

PREVENÇÃO
A prevenção é possível e deve ser a prioridade. As formas mais eficazes são:
- O uso de preservativo (masculino ou feminino), sempre;
- A vacinação, nas situações em que tal é possível (HPV e Hepatite B). 

Na prevenção das DST, que também são transmissíveis por via sanguínea, para além das medidas anteriores, também é importante:
- Não partilhar objetos cortantes de uso pessoal (lâminas, tesouras, agulhas);
- Não partilhar seringas e outros instrumentos usados na preparação e consumo de drogas injetáveis e inaláveis;
- Desinfetar feridas, tapá-las com pensos e ligaduras e evitar tocar noutra pessoa com zonas da ferida aberta;
- No caso de querer realizar piercings ou tatuagens, verificar se o local onde se realizam garante as medidas sanitárias necessárias (a não partilha de materiais acima descritos entre clientes). Além desses, procedimentos de manicure e pedicure que possam causar sangramento, também deve garantir estas medidas sanitárias.

As DST mais frequentes e conhecidas são o HIV, o HPV, a Hepatite B, a Gonorreia, a Sífilis e a Clamídia.
Fique a conhecê-las um pouco melhor.
 

VIH - VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA 
O VIH transmite-se sexualmente, pelo contacto com sangue contaminado, durante a gravidez, parto e amamentação e ataca o sistema imunitário, destruindo os glóbulos brancos, que são responsáveis pela defesa do organismo.

SINTOMAS
Inicialmente, podem não existir sintomas ou surgir um quadro semelhante a gripe, com febre, dores generalizadas e dores de garganta, durante cerca de 1 a 4 semanas após a infeção. Também pode acontecer a infeção não causar sintomas durante vários anos. No entanto, sem tratamento, durante esse período, o vírus continua a destruir o sistema imunitário causando sintomas de cansaço, falta de apetite, perda de peso e suores noturnos.
Numa fase mais avançada, as defesas estão tão frágeis, que surgem infeções “oportunistas” (infeções que a pessoa não teria em situação normal ou que conseguiria combater sem dificuldade) – esta é a fase que designamos por SIDA - Síndrome de Imunodeficiência Adquirida.

TRATAMENTO
Durante muitos anos, a infecão pelo VIH foi uma sentença. Hoje, assemelha-se a uma doença crónica, uma vez que existem fármacos com capacidade de travar a multiplicação do vírus e evitar que este destrua o sistema imunitário. No entanto, há que ter em atenção que isto só é possível com um diagnóstico e tratamento atempado.
 

HPV - VÍRUS DO PAPILOMA HUMANO 
O HPV é a infecão sexualmente transmissível mais frequente. Este vírus instala-se nas células de revestimento do corpo (pele e mucosas) e pode ter muitas evoluções diferentes, até porque existem mais de 100 subtipos deste vírus.
Após o contágio, a infeção pode desaparecer espontaneamente entre 1 a 2 anos, ou permanecer assintomática.

SINTOMAS
O sinal mais comum e característico é o aparecimento de verrugas nos genitais, no ânus ou na pele, 1 a 6 meses após o contágio. Estas verrugas podem não incomodar, mas também podem causar comichão e ardor. Se o sistema imunitário estiver enfraquecido (como nos doentes com VIH), as verrugas podem espalhar-se pelo corpo. Eventualmente, pode vir a desenvolver-se cancro, principalmente se estiverem presentes os subtipos HPV 16 e HPV 18.
O cancro pode acontecer no colo do útero, vulva, vagina, ânus ou pénis e, também, na garganta e na laringe. Doentes que nunca tenham sentido verrugas também podem ter cancro, principalmente em subtipos mais cancerígenos, uma vez que as verrugas podem ser de difícil visualização e diagnóstico.

TRATAMENTO
Não existem ainda medicamentos que eliminem o vírus do organismo, no entanto, na maior parte das vezes, é o próprio sistema imunitário a eliminá-lo.
Apesar de poderem reaparecer, as verrugas podem ser tratadas com recurso a:
- Crioterapia;
- Laser;
- Substâncias químicas;
- Remoção por cirurgia. 

RASTREIO E PREVENÇÃO
O rastreio do cancro do colo do útero é de enorme importância e deve ser realizado por todas as mulheres que tenham iniciado a vida sexual, pois o HPV é a principal causa deste tipo de cancro. O rastreio consiste na citologia cervico-vaginal ou na pesquisa do vírus HPV, sendo que esta última começa a ser o mais habitual. A periodicidade depende do tipo de pesquisa, citologia e resultados encontrados. Está previsto no Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção-Geral da Saúde (DGS), ser realizado nas mulheres com útero entre os 25 e os 64 anos, de 5 em 5 anos.
O século XXI trouxe a vacina contra alguns subtipos mais agressivos de HPV, que foi contemplada no Plano Nacional de Vacinação (PNV) em 2008 para as jovens e, em 2020, para os jovens. Hoje, faz parte do PNV a vacinação de todas as jovens com 10 anos de idade e todos os jovens nascidos a partir de 2009.
 

HEPATITE B
A Hepatite B é causada pelo vírus com o mesmo nome e consiste na inflamação do fígado e transmite-se por via sexual, pelo sangue, instrumentos contaminados e de mãe infetada para recém-nascido. 

Esta doença pode evoluir para uma situação em que o fígado deixa de funcionar (sendo necessário transplante hepático) ou pode transformar-se numa doença crónica que, mesmo com tratamento, pode causar cancro do fígado.

SINTOMAS
Os sintomas não são específicos e as queixas podem ser:
- Falta de apetite;
- Náuseas e vómitos;
- Mal-estar;
- Aparecimento de um tom amarelado na pele e nos olhos;
- Urina mais escura e fezes mais clara.

TRATAMENTO
O tratamento inicial baseia-se em dieta e repouso, evitando o consumo de alimentos e produtos que possam afetar ainda mais o fígado. Há medicamentos que tentam impedir que o vírus se continue a multiplicar.

PREVENÇÃO
A prevenção específica é possível através da vacinação, que está contemplada no PNV desde o ano 2000.
 

GONORREIA
A Gonorreia é uma doença provocada pela bactéria Neisseria Gonorrhoeae, que se transmite por via sexual e durante o parto e mesmo que a pessoa não tenha sintomas, pode contaminar o recém-nascido.

SINTOMAS
Os sintomas começam a surgir 2 a 14 dias após o contágio, e consistem num desconforto na uretra, ardor ao urinar e corrimento com cheiro e, na mulher, também, desconforto no colo do útero. Outras zonas de contacto sexual como boca, garganta e ânus podem também ser afetadas. Caso o tratamento não seja iniciado precocemente, a doença pode alastrar para outros órgãos, toda a pélvis da mulher e até envolver as articulações. A infertilidade é uma complicação possível.

TRATAMENTO
O tratamento é feito com antibióticos.
 

CLAMÍDIA 
A Clamídia é provocada pela bactéria Chlamydia trachomatis, e os sintomas podem só surgir anos após a infeção e são semelhantes aos da Gonorreia, assim como as complicações. O diagnóstico definitivo é obtido através de testes laboratoriais.

TRATAMENTO
O tratamento é feito com antibióticos.
 

SÍFILIS
A Sífilis resulta da infeção pela bactéria Treponema pallidum e consiste numa doença com 3 fases

1º fase:
O primeiro sinal é uma úlcera, habitualmente única e indolor, que surge no local de contágio (pénis, ânus, recto, vulva, colo do útero, lábios ou boca), cerca de 2 a 4 semanas após a infeção. 
2º fase:
A úlcera cicatriza em 3 a 12 semanas, mas a doença espalha-se por todo o corpo e surge febre, falta de apetite e cansaço. Aparecem manchas no corpo, tipicamente nas palmas das mãos e plantas dos pés, bem como problemas de visão, otites e dores articulares. A doença pode ficar adormecida durante anos, mas é detetável através de análises específicas.
3ª fase:
Mais tarde, a doença pode evoluir para a sua fase terciária com graves consequências articulares, cardiovasculares e neurológicas. A transmissão da bactéria ocorre durante a atividade sexual e durante o parto, podendo ter efeitos graves no recém-nascido.

TRATAMENTO
O tratamento é feito com antibióticos, tipicamente a penicilina.
 

Em caso de suspeita de contacto desprotegido com pessoa infetada ou de sintomas suspeitos, consulte um médico de Medicina Geral e Familiar

Dra. Gilda Miranda
Médica de Medicina Geral e Familiar
Clínica Santa Filomena | Cantanhede
Clínica Santa Filomena | Lousã
Clínica São Francisco | Pombal

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