🫁 Bronquiolite aguda na Infância

A bronquiolite aguda é uma infeção respiratória comum que afeta crianças com menos de 2 anos de idade e que é particularmente frequente durante os meses de outono e inverno. É causada, em mais de 70% dos casos, pelo vírus sincicial respiratório (VSR), embora outros vírus, como os rinovírus e adenovírus, também possam estar na sua origem. Na bronquiolite aguda há inflamação e obstrução das vias aéreas mais pequenas (bronquíolos), o que dificulta a passagem do ar e a respiração normal.
Como se manifesta a bronquiolite aguda?
Inicialmente, os sintomas podem ser semelhantes aos de uma constipação comum: obstrução e corrimento nasal, tosse ligeira e, por vezes, febre baixa. No entanto, ao fim de poucos dias, a infeção evolui, podendo surgir sinais de dificuldade respiratória:
- Respiração muito rápida (taquipneia);
- Pieira ou “chiadeira” audível durante a respiração;
- Retrações torácicas (“covinhas” ou afundamento da pele entre as costelas e no pescoço);
- Tosse persistente;
- Irritabilidade, cansaço e dificuldades na alimentação.
Em casos mais graves, podem surgir cianose (coloração azulada nos lábios ou nas pontas dos dedos), um sinal de baixa oxigenação, ou apneias (longas pausas na respiração).
Quem está em maior risco?
Embora a bronquiolite possa afetar qualquer criança, há grupos de risco que são mais suscetíveis a complicações:
- Bebés prematuros;
- Lactentes com menos de 6 semanas;
- Crianças com doenças cardíacas ou pulmonares crónicas;
- Crianças com o sistema imunitário comprometido.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de bronquiolite é clínico, ou seja, baseia-se na observação dos sintomas e no exame físico. Habitualmente não são necessários exames complementares de diagnóstico, exceto em situações de maior gravidade.
Atualmente não existe um tratamento específico para a bronquiolite aguda. A abordagem terapêutica consiste no alívio dos sintomas e na manutenção de uma hidratação adequada. Algumas medidas que podem ser importantes incluem:
- Oferecer líquidos e pequenas refeições frequentemente;
- Limpeza nasal com soro fisiológico, especialmente antes das refeições e do sono;
- Garantir um ambiente com boa ventilação, evitando fumo do tabaco e outros poluentes;
- Inclinar a cabeceira da cama do bebé a 30º para facilitar a respiração.
Em casos mais graves, pode mesmo ser necessária avaliação no Serviço de Urgência para administração de oxigénio, suporte respiratório ou hidratação intravenosa. É importante salientar que, por se tratar de uma infeção viral, os antibióticos não têm qualquer efeito sobre a bronquiolite, estando apenas reservados para situações em que ocorra sobreinfeção bacteriana.
Prevenção
A prevenção da bronquiolite passa pela adoção de medidas básicas de higiene que reduzam a transmissão dos vírus:
- Lavagem frequentemente das mãos com água e sabão;
- Evicção de contacto próximo com pessoas doentes;
- Evicção de ambientes fechados e muito frequentados durante os períodos epidémicos.
Atualmente, em grupos de risco, é ainda realizada imunização passiva com anticorpo monoclonal contra o VSR.
Quando procurar ajuda médica?
Os pais devem procurar assistência médica imediata nas seguintes situações:
- Bebés com menos de 3 meses;
- Bebés prematuros;
- Respiração muito rápida ou Dificuldade respiratória acentuada (respiração muito rápida, retrações torácicas acentuadas)
- Bebés difíceis de acordar, apáticos ou cianosados
- Dificuldade em ingerir líquidos se alimentar;
- Bebés com doenças crónicas
Em resumo, a bronquiolite aguda é uma condição que requer atenção especial nos primeiros anos de vida. É geralmente ligeira e autolimitada, mas pode evoluir de forma grave e rápida, o que faz com que seja fundamental manter uma vigilância cuidadosa e conhecer os sinais que devem motivar a procura de ajuda médica atempada.